sábado, 19 de dezembro de 2009

Banais


Um mundo caído, sem chão nem teto
Um imenso não sei
Um grito
Não sem você!
Um doloroso empurrar
Pula sem mim!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Eu, vagalume



Pequenos passos foram o suficiente para abstrair-me de um turbilhão de informações vazias corriqueiras, meu caminhar foi despretensioso, mas ao respirar bem fundo estava impulsionada a ver algo fosforescer no ar. Foram passos curiosos, minuciosos, sedentos para enxergar por detrás dos véus e cortinas negras que guardavam a magia da entrega mútua.
Uma moça com um sorriso bonito e sem dúvida gentil era a guardiã da sala mágica, explicou que eu deveria entrar e guiar-me tocando a parede se não quisesse me perder devido à ausência de luz. Sorri tocando a parede e fui andando a pensar sobre o vindouro.

Timidamente com o olhar ainda baixo dei pequenos passos, passos que escureciam o meu caminhar cada vez mais, ao levantar a face meu olhar então havia se encantado, vi luzes distantes, cintilantes, esplendorosas. Lembravam-me estrelas, mas não eram as estrelas que habitavam a sala mágica, as luzes voavam brincando no espaço, as luzes eram as criaturas lindas chamadas de vaga-lumes. Realmente deslumbrei-me ao ver sua beleza desde o primeiro olhar. Estávamos sós, as vidas-luzes que vagam livres e eu que por sinal já me sentia parte da magia deles.

Em meio aquela escuridão eu já começava a enxergar, mesmo que com certa dificuldade, via as próprias partes do meu corpo ficarem mais nítidas e reluziam na companhia deles, comecei então a rodar, rodar, rodar até ficar tonta de vê-los acesos, queria brilhar como eles brilhavam, acender o escuro.

Era romântico, era mútuo, eles também me queriam lá, me queriam amar, estavam em um jogo bailante me seduzindo para que entrasse em sua dança, eu quis ser vaga-lume, quis estar com eles, ser parte daquele grupo, quis seguir o movimento, ser arte! Então eu os amei a medida que respirava sincronizada ao movimento da dança, cada uma daquelas criaturas que alumiavam a sala mágica naquele momento também expusera um punhado de sentidos, encontros de eus negros, eus pirilampos. Éramos nós, com todos eus, no escuro nos percebíamos e de uma mágica entrega o amor acendia nos fazendo uma só luz vagante.


Imagem: baseada na obra dos vagalumes (Shirley Paes Leme)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Vindouro



Em céus distantes
Amantes ao mar
Sussurram aos homens
Que a-mar é gigante
Amigos derretidos
Cultivam o sentir
Em terras mutantes
Entre um vento imigrante
As lágrimas falantes terão a ação
E inesperadamente os versos futuros
Tocarão os lábios
Acelerando o pulsante coração
Ressoam em carícias
As delícias que arrebatam
Vindouras alicias.


Eulandia Florêncio/ Fábio Rabelo
Imagem: René Magritte

sábado, 17 de outubro de 2009

De tarde

Os passarinhos estavam a poetar
Cantando, voando para lá e para cá
Ainda se podia ver o sol
E o céu claro bem azulzinho
A menina nos bancos azuis
Arrumava os cabelos enquanto se perdia
Encantada com a beleza que era ver
Todos aqueles pássaros
Folhas secas que caiam ao chão
E repousavam em seus pés
Toda a força do vento
Balançava os galhos das árvores
E ainda por cima lhe assanhava os cabelos
Fugia em devaneios
Uma fuga verde, azul, branca, amarela,
Colorida como aquarela
A nossa bandeira
É nossa beleza
É a vida, a riqueza essencial
A nossa natureza

sábado, 10 de outubro de 2009

Outubro

O som da saudade que tenho, é o mesmo das águas correndo.
Um longo feriado sem você e tudo é resumido em melancolia
As estradas estão interditadas, aeroportos fechados, vôos atrasados.
E aqui ainda há alguém pensando no toque intenso dos seus olhos
Desejando o perfumado calor da sua presença,
do sorriso, aquele que vem comunicar o nosso amor.
Lembro da música que se compõe na tua voz
e que o vento malvado vem sussurrar-me ao pé do ouvido,
não deixando por nenhum minuto eu te esquecer.
Logo entardeceu e o sono já viera me procurar
finalmente vou poder dirigir até te encontrar,
Em um sonho alto como o vôo de uma águia
vou planar, te avistar e declarar a falta que você faz.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Belas cores à vista, é a vida!

Belas cores á vista, o mundo então emprestara seu precioso espaço. Com o olhar assustado um choro!
Aquela bolsa aonde a mamãe o guardava era tão agradável e quentinha, ali envolvido, alimentado e amado de tudo era protegido. Depois de conter o choro, a criança desejada é sempre mimada, e tamanha é a pureza que se sente com a delicadeza do ser.
Foi protegido, amado e educado para a fôrma do sucesso, a sociedade sabe bem como estabelecer seus padrões, paulatinamente vai plantando idéias ilusórias sobre prioridades. O sucesso ganha formato de coisa e nós também! Caímos na armadilha! Prisioneiros da própria escolha!
A magia do ser puro e amado vai se esvaindo e deixamos de recolorir as cores belas vistas ao nascer, de sentir o toque do amor envolver.
A bolsa da mamãe era confortável, mas as cores fora dela precisam de cuidados, de amantes que amem a vida. Porque não foi fácil nascer e estar aqui nesse espaço agora. E o mundo quer amor! Porque ter aquela velha opinião formada sobre tudo está tirando a vida das cores e as cores da vida, está adoecendo o mundo, adoecendo o amor e a gente.

Nós nascemos do amor, mas pelo que estamos morrendo?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Jalal ud-Din Rumi

A evolução da forma

Toda forma que vês
tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.
Se a forma esvanece, não importa,
permanece o original.
As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.

Enquanto a fonte é abundante,
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos
dois se detém?
A alma é a fonte,
e as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões a água deste rio.

Que a água não seca, ela não tem fim.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti,
para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.

Como pode ser isto segredo para ti?
Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo; um punhado de pó
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
de certo hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.

Passa de novo pela vida angelical,
entra naquele oceano,
e que tua gota se torne o mar,
cem vezes maior que o Mar de Oman.
Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre Um; com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.

Poeta-místico sufi do século XIII Jalal ud-Din Rumi
Poemas Místicos, Ed. Attar, 1996

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Desenvolvimento Sustentável



Colocamos o peixe dentro do aquário, será que é lá o lugar onde ele deve estar? Ele tem escolha! Ele pode pular, se bater no chão e agonizar até morrer.









Ontem no Teatro Nila Gomes Soárez que se encontra nas dependências da FA7 Faculdade 7 de Setembro ocorreu um evento destinado aos alunos do curso de direito e aberto ao público com a ilustre presença da Senadora Marina Silva.

Enquanto eu aguardava o momento de dirigir-me ao evento, conversei com um colega e quando comentei sobre ir assistir a palestra da senadora ele pronunciou: “Boa palestra! Mas a Marina, ela é muito fraquinha, só com essa bandeira de proteção ao meio ambiente ela não terá a possibilidade de ser eleita a presidência não"!
Lamentei pelo comentário, pois, o estimo. Não desanimei e segui até o evento ansiosa para ouvir a senadora. O teatro da faculdade estava LOTADO, compunha a mesa os representantes da FA7, incluindo o vereador e professor da casa João Alfredo, a mesa era composta por maioria masculina, mas dessa vez o discurso foi proferido por uma voz guerreira e feminina. Durante sua fala, Marina lembrou um provérbio africano que diz que “tomamos a terra emprestada de nossos filhos e netos”, quando tomamos algo emprestado o mais ético seria devolvê-lo em igual estado ou melhor condição. O que estamos devolvendo para as gerações futuras?
Há séculos o homem com uma percepção de mundo antecipada achou que industrializar seria algo bom para as próximas gerações, o processo de evolução é algo essencial ao homem mas será que realmente podemos evoluir destruindo a vida, nossa própria vida, a biodiversidade, deixando os solos inférteis e desertos, poluindo o ar, ar que nos oxigena a vida, água potável, será que estes recursos são inesgotáveis? A resposta é não! E todos sabem, mas os olhos cegam para o óbvio, por já termos tantos maus hábitos arraigados.
A senadora citou também o pensador e sociólogo francês Edgar Morin que escreve sobre a teoria do pensamento complexo, possibilitando uma visão mais integradora de mundo. Se formos conectar os fatos, tudo o que acontece tem um efeito comum, está ligado, tanto quanto são praticadas boas ações ou não, a coletividade também sentirá o efeito de atos individuais, o núcleo familiar, de trabalho, pessoas que não conhecemos e isto vai criando ramificações, porque estamos juntos!
Ter um desenvolvimento que tome medidas para a preservação da vida é algo que nós como cidadãos e ocupantes desse espaço que nos foi emprestado, teremos que colocar em prática, trabalhar a nossa percepção de mundo, nos sentindo parte integrante dele para mudar uma série de comportamentos e possibilitar uma evolução de forma que o planeta sustente, preservando o nosso bem mais precioso que não é o petróleo, a tecnologia nem o armamento químico mas a VIDA, essa que vai se esvaindo todo dia.
Durante o evento fiquei muito agradecida por terem entendido na mesa minhas palavras para a Senadora Marina como uma declaração de amor. Acredito que se houverem mais pessoas comprometidas com a vida e a política em especial, surgirão sempre mais e mais declarações com amor e admiração aos representantes políticos.
 
Imagem: Marina Silva

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Em mergulhar



Vai sorrindo com a leveza da mais pura seda
Com a expressão de orelha a orelha
Quando te viu o pensamento foi mergulhar
Em um mar sorrindo
Água gelada e um céu se abrindo
Recuperou o fôlego e ouviu um zunido
Sua lembrança voltara a inquietar
Em um mar, onde está você
Essa alma bonita
Em um mar, onde mergulhou
Lugar que te encontrava
Sem hora marcada
E agora?


Imagem: Fátima Mateus

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Luís Vaz de Camões

a esta cantiga alheia:
Tende-me mão nele
qu'um real me deve I

VOLTAS

Cum real de amor,
dous de confiança
e três de esperança
me foge o tredor.
Falso desamor
se encerra naquele
qu'um real me deve.
Pediu-mo emprestado,
não lhe quis penhor;
é mau pagador,
tendo-mo aferrado.
Cum cordel atado,
ao Tronco se leve,
qu'um real me deve.
Por esta travessa
se vai acolhendo;
ei-lo vai correndo,
fugindo a grã pressa.
Nesta mão e nessa
o falso s'atreve,
qu'um real me deve.
Comprou-me amor
sem lhe fazer preço:
eu não lhe mereço
dar-me desfavor.
Dá-me tanta dor
que ando após ele
pelo que me deve.
Eu de cá bradando,
ele vai fugindo;
ele sempre rindo,
eu sempre chorando.
{El} de quando em quando
no amor s'atreve,
como que não deve.
A falar verdade,
ele já pagou;
mas inda ficou
devendo ametade.
Minha liberdade
é a que me deve:
só nela se atreve.
 


CAMÕES, Luís Vaz de

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A estrela



Encontro-me nesse estado, com um amor iluminado, um bem querer necessitado.
Tenho pedido sabedoria, pois há algo que me angustia.
Meu ser! Eu ser tão menininha, encasulada como uma lagarta, tentando não transparecer o que eu ouso pensar e sentir.
Não mostrar o que cresceu nos últimos dias, tarefa árdua e complicada. Meu casulo tornou-se pequeno demais para caber tanto sentimento, para caber um eu e um você.
O que faço se minha casa agora transborda? Do casulo eu me desfaço, e eu saio, e vôo procurando, vou procurando.
O sentimento, aquele que me libertou, deu-me asas e eu quis voar, voei, asas bati para te encontrar. Voarei ao céu do teu olhar, o mais belo que conheci, olhar de um brilho tamanho, de lua e luzes de estrela que encantam, lugar onde eu quero habitar.

Imagem: A estrela - Edgar Degas

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Buraco negro



Sou menina ainda, cheia de dúvidas, vaga das muitas experiências que essa vida há de trazer. Quero muito compreender as razões do acontecer, entendo que cada coisa tem seu tempo, mas por que por inúmeras vezes nos encontramos agarrados a pressa?

Esperar paciente pode ser o mais adequado em algumas situações do dia a dia, entretanto, existem momentos em que agir assim mais parece covardia, um agir que nada fala, nada faz ou questiona, ações em preto e branco que omitem a cor. Esperar cansa! Ainda mais com a forçada passividade esperada ao conduzir do processo.

Para que lugar viajou a coragem? A ação de busca pelo que pede o coração?

O medo ainda é vilão fala alto e tem uma voz forte, quer aparecer, se fazer presente a qualquer instante, quando entranhado nos frustra, explora, impede, escraviza. Encaminha-nos ao grandioso, ao grandioso e imenso buraco negro!

E é bem lá ao fundo onde a escuridão nos abraça que temos pressa, vozes se perdem ao gritar pela luz, mas ninguém escuta além de nós, ninguém vê. Quem percebeu que o medo era ilusão, para não fazer o que precisa ser feito, não conseguir enxergar a si próprio, nem ao outro? A vida está acesa, é luz que não se apaga, talvez nem após a vida, quem dirá durante ela.

sábado, 29 de agosto de 2009

Condores de arribação


E mesmo tropeçando nos muitos obstáculos, não saio da linha, continuo caminhando. Os sonhos vontades e pensamentos são tantos, agora parecem estáticos, vazios.
Sim, eu sinto! O vento me toca com seu frescor, assanha-me os cabelos sob o céu azul, ao som do mais harmonioso canto dos pássaros tão queridos.A paisagem que encanta procura se fazer perceber.

Percebo sim, o mundo é lindo e a vida pulsa, é inefável. Mas se acredito que o mundo cai e que as coisas da vida perdem a poesia, me aprisiono ainda mais nesse campo de concentração invisível que foi sendo construído internamente.

Então, livrar-me-ei já, como em um passe de  mágica.
Liberta dos sentimentos que torturam!
Vou viajar voar pela natureza sentindo toda a liberdade almejada.
Vou voar conhecer esse país, esse mundo onde habitam as maravilhas, como uma viajante plena, condores de arribação.

Imagem: Emerson R. Zamprogno

quinta-feira, 20 de agosto de 2009


Encaixotem os livres
Desinfectem os cantos
Estuprem as mulheres
Brutalizem os homens
Despedacem os fracos
Enfeitem a moda
Sodomizem as crianças
Escravizem os velhos
Fabriquem as armas
Destruam as casas
Façam render a guerra
Escolham os heróis
E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Quem vai queimar?
Empurrem conselhos
Forneçam as drogas
Engulam a comida
Disfarcem bem a culpa
Protejam a igreja
Perdoem os pecados
Condenem os feitiços
Decidam quem vai morrer
Contaminem a escola
Violentem os virgens
Apprisionem os livros
Escrevam a história
E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Quem vai queimar?
Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)


A música trás uma retrospectiva histórica de manipulação social, as verdades eram escolhidas por quem detinha o poder, sendo assim, eles escreviam a história da humanidade de acordo com seus interesses individuais e mantinham a sociedade longe da política, ou seja , da liberdade. Havia um jogo de manipulação que visava única e exclusivamente a manutenção do poder e a submissão do povo.

O conhecimento científico era uma área restrita, e quem abrisse uma das portas restritas sem a devida permissão, provavelmente teria sua condenação. Era bem mais cômodo a sociedade viver passiva perante a tanta opressão.

A sociedade de hoje mudou bastante, mas algumas idéias tendem a permanecer entre nós, como as idéias-vírus, que como diz a escritora Daniela Auad, são idéias que apenas sofrem mutações, e ganham uma nova cara, uma nova roupagem. A informação do conhecimento manipulado e distorcido persiste em nos fazer de bobos e cegos ao tentar enxergar a realidade da vida, a Igreja Católica continua a ditar como deve ser o comportamento cristão, mas não com a credibilidade de séculos atrás. “Heróis” políticos continuam a aparecer, as mazelas sociais como a violência, discriminação, os preconceitos, a poluição ambiental, a destruição da vida .

Continuamos vivendo como “mortos-vivos “, mesmo conhecendo o que aconteceu nas gerações passadas. Está tudo errado! Nós não seremos mais executados se pensarmos diferente do que nos é imposto. Se pensarmos! Temos a liberdade bem pertinho, podemos ler os livros encaixotados, podemos amar em vez de destruir as casas ou nos tornarmos seres brutalizados, podemos participar de forma ativa da construção social. Construímos a sociedade, ela é o que somos! Por que não ser uma sociedade mais humana? Por que não viver dignamente amando e respeitando não só a si, mas também a quem nos cerca.

Quando eu era criança, ficava assustada assistindo aos jornais que trazem a violência, o terrorismo, morria de medo dos tsunames, mosquitos da dengue, assaltantes, serial killers, depois de assistir pensava em como fugir de tudo aquilo, o medo me rondava quando deitava para dormir e até tinha pesadelos, mas hoje eu entendo o que eu não entendia e tinha medo. Engraçado a culpa de tantas coisas ruins acontecerem ser nossa, direta ou indiretamente somos culpados da vida ser como ela é. E só reclamar de que vai adiantar? Temos escolha!


Quero uma vida bem vivida, quero viver, quero que vivam
Quero fazer vida, fazer a vida
Quero uma sociedade bonita
Uma sociedade que vive
Com um sorriso na vida.

Música: Cd Anacrônico, Queimem as bruxas, Pitty

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Eu e os bancos azuis

Eu vi o céu azul, senti como nunca o vento tocar-me o rosto, com a face inclinada a olhar o céu que me encantava vi passar um bando enorme de pássaros voando, momento raro entre os dias que avançam com tanta rapidez. O que havia presenciado fez com que involuntariamente me abrisse um sorriso feliz. Subi as escadas seguindo o caminho rotineiro de minhas tardes até os bancos azuis, lugar onde leio e observo o movimento das pessoas e da natureza, vez ou outra pássaros se aproximam e quando eu os olho voam fazendo cair lágrimas de chuva das folhas da árvore que sombreia os bancos azuis. Continuo a ler enquanto vultos um a um passam por mim, pela árvore, pelos pássaros, pelo azul do céu e dos bancos. As reações ao percorrerem o mesmo caminho que percorri sem dúvida são diferentes, assim como o caminhar pelas estradas da vida, uns caminham muito rápido, outros caminham devagar demais, eu digo que estou entre os dois, sentir uma dor rápida a ponto de pouco perceber e degustar lentamente o sabor do que é bom é o que procuro. Então estou de volta aos bancos azuis, e aos poucos vou me perdendo ou encontrando em meio as minhas sensações e pensamentos. Não preciso medir a velocidade da minha vida ainda, por enquanto sentir-me viva é o bastante.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Silencio

O pedaço mais doce e delicioso do fruto
O enchimento dos pulmões ao inspirar o perfume do desejo
Pensamentos mutantes
Focando um único ser
A canção que se quer ouvir
Jamais seria um silêncio incompreendido
Não há quem deseje um romance
Sem a outra metade a vista
Viajar para o fantástico até te encontrar
Encontro a mim
E aprendo a ouvir a voz do desejo
Estou te vendo, você pode me ver?
Silencio

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Dois

Os olhares se cruzam, seu sorriso enfeitiça instantaneamente, o que tenho a fazer, sentir o arder de minhas bochechas envergonhadas e alegres por sua presença tão pertinho. Minhas pernas que tremiam, agora estão mais firmes, mas confesso que ainda caio em suspiros ao te ver. Aquele frio na barriga que vem sem querer e me desconserta faz-me rir, pois sei que você é a causa. Quando estamos longe te imagino e sinto seu perfume invadir meus pensamentos. Você vive em mim e tenho consciência da paixão que me faz sentir, paixão conectada a amor, ao jeito leve que me faz viver esse sentimento. Você me traz a paz e ao mesmo tempo explosão, consegue causar sensações sem fazer nenhum esforço, sem ao menos olhar ou tocar. Sei que sou amada e sei disso da melhor forma que se pode saber, sem precisar ouvir, somente sentir. Com estas palavras conto um pouco de mim, de nós, da paixão e do amor que é tudo o que nos move e nos deixa sem palavras para explicar ao certo o que acontece quando eles acontecem, o sentir fala mais alto e para entender é preciso se permitir viver estes encantos que a vida nos proporciona. Com você, eu vivo e realizo desejos que eu não conhecia, conheço o desconhecido e me apaixono a cada amanhecer, me apaixono pela vida, me apaixono por você meu amor.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Não quero cegar

Tenho tentado entender o sentido de felicidade, aquela que nos faz sentir com a alma viva, o espírito livre e a vontade de contagiar as pessoas ao redor, sem um compromisso preexistente, um estar feliz espontâneo que nos proporciona sensações atreladas a sentimentos nobres. Tentando entender a felicidade, percebi que ela não está limitada a um grupo, quando a enxergamos podemos torná-la parte fixa de nós mesmos, acredito que mesmo em momentos de alto estresse ela continua presa a nossa alma, é só a chamar e ela se fará presente. Entretanto temos que conviver com as falsas idéias de felicidade, com pessoas que a entendem como um momento apenas, com um emprego que lhe proporciona acúmulo financeiro, carros, cirurgias plásticas, a sensação de superioridade. Pessoas escravizadas pelo “ter” ficam cegas, parecem viver em um mundo isolado onde perdem aos poucos a sensibilidade que lhes resta, se privam de amar, amar o que fazem amar o que é bom de verdade. É bom reconhecer que se pode escolher viver a felicidade, não quero cegar, quero enxergar mais nitidamente a felicidade como parte de mim sempre.

domingo, 22 de março de 2009

Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo!
E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...
E não sou nada!...
Florbela Espanca

quarta-feira, 18 de março de 2009

Inspira

Sou uma aluna das palavras da vida
Sou aluna, pois vim depois e tenho anseio de saber
Com as palavras eu aprendo significados todos os dias
Com palavras eu sinto a vida em minhas mãos
Sinto que posso fazer uma realidade, mas também posso escolher ficção
Sinto o recomeço de uma história, a continuação
Vejo um entendimento histórico, uma conexão
Vejo o que passa despercebido, o que não queremos saber
Aprendo com os mestres, pessoas comuns, personagens
Aprendo a admirar o que era encoberto por meus pensamentos
Entendo que a vida é feita para ser intensa, pois é apenas um momento
Entendo que temos que plantar nossa semente hoje, para que amanhã a reguem
Hoje águo ideais alheios, os quais me inspiram, que são como oxigênio
Hoje esse oxigênio tem que ser usufruído por todos, boas inspirações devem ser involuntárias
Sementes boas existem para nos auxiliar durante o nosso momento
Sementes boas e más fazem à história
Saber se iremos optar por uma boa semente é intuitivo e moral
Saber se estaremos tomando atitudes corretas iremos saber quando o coletivo sentir o impacto de nossos atos
A felicidade nos procura todos os dias, é uma questão de escolha marcar um encontro com ela
A felicidade de acrescentar idéias positivas é possível para todos que se encontrarem
Encontrar o seu Eu feliz, encontrar as belezas que possui, a conscientização de quanto é um ser capaz
Encontrar as pessoas que nos rodeiam e perceber que elas são parte da nossa história
Entender que os bons costumes, aqueles vindos da alma não podem morrer
Entender que precisamos agir juntos para obter resultados, haver troca de experiências e compartilhar o momento que é a vida