sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Desenvolvimento Sustentável



Colocamos o peixe dentro do aquário, será que é lá o lugar onde ele deve estar? Ele tem escolha! Ele pode pular, se bater no chão e agonizar até morrer.









Ontem no Teatro Nila Gomes Soárez que se encontra nas dependências da FA7 Faculdade 7 de Setembro ocorreu um evento destinado aos alunos do curso de direito e aberto ao público com a ilustre presença da Senadora Marina Silva.

Enquanto eu aguardava o momento de dirigir-me ao evento, conversei com um colega e quando comentei sobre ir assistir a palestra da senadora ele pronunciou: “Boa palestra! Mas a Marina, ela é muito fraquinha, só com essa bandeira de proteção ao meio ambiente ela não terá a possibilidade de ser eleita a presidência não"!
Lamentei pelo comentário, pois, o estimo. Não desanimei e segui até o evento ansiosa para ouvir a senadora. O teatro da faculdade estava LOTADO, compunha a mesa os representantes da FA7, incluindo o vereador e professor da casa João Alfredo, a mesa era composta por maioria masculina, mas dessa vez o discurso foi proferido por uma voz guerreira e feminina. Durante sua fala, Marina lembrou um provérbio africano que diz que “tomamos a terra emprestada de nossos filhos e netos”, quando tomamos algo emprestado o mais ético seria devolvê-lo em igual estado ou melhor condição. O que estamos devolvendo para as gerações futuras?
Há séculos o homem com uma percepção de mundo antecipada achou que industrializar seria algo bom para as próximas gerações, o processo de evolução é algo essencial ao homem mas será que realmente podemos evoluir destruindo a vida, nossa própria vida, a biodiversidade, deixando os solos inférteis e desertos, poluindo o ar, ar que nos oxigena a vida, água potável, será que estes recursos são inesgotáveis? A resposta é não! E todos sabem, mas os olhos cegam para o óbvio, por já termos tantos maus hábitos arraigados.
A senadora citou também o pensador e sociólogo francês Edgar Morin que escreve sobre a teoria do pensamento complexo, possibilitando uma visão mais integradora de mundo. Se formos conectar os fatos, tudo o que acontece tem um efeito comum, está ligado, tanto quanto são praticadas boas ações ou não, a coletividade também sentirá o efeito de atos individuais, o núcleo familiar, de trabalho, pessoas que não conhecemos e isto vai criando ramificações, porque estamos juntos!
Ter um desenvolvimento que tome medidas para a preservação da vida é algo que nós como cidadãos e ocupantes desse espaço que nos foi emprestado, teremos que colocar em prática, trabalhar a nossa percepção de mundo, nos sentindo parte integrante dele para mudar uma série de comportamentos e possibilitar uma evolução de forma que o planeta sustente, preservando o nosso bem mais precioso que não é o petróleo, a tecnologia nem o armamento químico mas a VIDA, essa que vai se esvaindo todo dia.
Durante o evento fiquei muito agradecida por terem entendido na mesa minhas palavras para a Senadora Marina como uma declaração de amor. Acredito que se houverem mais pessoas comprometidas com a vida e a política em especial, surgirão sempre mais e mais declarações com amor e admiração aos representantes políticos.
 
Imagem: Marina Silva

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Em mergulhar



Vai sorrindo com a leveza da mais pura seda
Com a expressão de orelha a orelha
Quando te viu o pensamento foi mergulhar
Em um mar sorrindo
Água gelada e um céu se abrindo
Recuperou o fôlego e ouviu um zunido
Sua lembrança voltara a inquietar
Em um mar, onde está você
Essa alma bonita
Em um mar, onde mergulhou
Lugar que te encontrava
Sem hora marcada
E agora?


Imagem: Fátima Mateus

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Luís Vaz de Camões

a esta cantiga alheia:
Tende-me mão nele
qu'um real me deve I

VOLTAS

Cum real de amor,
dous de confiança
e três de esperança
me foge o tredor.
Falso desamor
se encerra naquele
qu'um real me deve.
Pediu-mo emprestado,
não lhe quis penhor;
é mau pagador,
tendo-mo aferrado.
Cum cordel atado,
ao Tronco se leve,
qu'um real me deve.
Por esta travessa
se vai acolhendo;
ei-lo vai correndo,
fugindo a grã pressa.
Nesta mão e nessa
o falso s'atreve,
qu'um real me deve.
Comprou-me amor
sem lhe fazer preço:
eu não lhe mereço
dar-me desfavor.
Dá-me tanta dor
que ando após ele
pelo que me deve.
Eu de cá bradando,
ele vai fugindo;
ele sempre rindo,
eu sempre chorando.
{El} de quando em quando
no amor s'atreve,
como que não deve.
A falar verdade,
ele já pagou;
mas inda ficou
devendo ametade.
Minha liberdade
é a que me deve:
só nela se atreve.
 


CAMÕES, Luís Vaz de

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A estrela



Encontro-me nesse estado, com um amor iluminado, um bem querer necessitado.
Tenho pedido sabedoria, pois há algo que me angustia.
Meu ser! Eu ser tão menininha, encasulada como uma lagarta, tentando não transparecer o que eu ouso pensar e sentir.
Não mostrar o que cresceu nos últimos dias, tarefa árdua e complicada. Meu casulo tornou-se pequeno demais para caber tanto sentimento, para caber um eu e um você.
O que faço se minha casa agora transborda? Do casulo eu me desfaço, e eu saio, e vôo procurando, vou procurando.
O sentimento, aquele que me libertou, deu-me asas e eu quis voar, voei, asas bati para te encontrar. Voarei ao céu do teu olhar, o mais belo que conheci, olhar de um brilho tamanho, de lua e luzes de estrela que encantam, lugar onde eu quero habitar.

Imagem: A estrela - Edgar Degas

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Buraco negro



Sou menina ainda, cheia de dúvidas, vaga das muitas experiências que essa vida há de trazer. Quero muito compreender as razões do acontecer, entendo que cada coisa tem seu tempo, mas por que por inúmeras vezes nos encontramos agarrados a pressa?

Esperar paciente pode ser o mais adequado em algumas situações do dia a dia, entretanto, existem momentos em que agir assim mais parece covardia, um agir que nada fala, nada faz ou questiona, ações em preto e branco que omitem a cor. Esperar cansa! Ainda mais com a forçada passividade esperada ao conduzir do processo.

Para que lugar viajou a coragem? A ação de busca pelo que pede o coração?

O medo ainda é vilão fala alto e tem uma voz forte, quer aparecer, se fazer presente a qualquer instante, quando entranhado nos frustra, explora, impede, escraviza. Encaminha-nos ao grandioso, ao grandioso e imenso buraco negro!

E é bem lá ao fundo onde a escuridão nos abraça que temos pressa, vozes se perdem ao gritar pela luz, mas ninguém escuta além de nós, ninguém vê. Quem percebeu que o medo era ilusão, para não fazer o que precisa ser feito, não conseguir enxergar a si próprio, nem ao outro? A vida está acesa, é luz que não se apaga, talvez nem após a vida, quem dirá durante ela.