sexta-feira, 16 de julho de 2010

Zarpar 1

Não é mais tão baldio o terreno que se foi
Devastado por um crustáceo astral e cruel
Um que me incentivava a conversar com estrelas
Enorme era a semelhança entre ambos
Hoje as procuro no céu e duramente as ignoro
São apenas pingos de desperdício
Quilos de amor guardados na voz do silêncio
Agir como um crustáceo seria perguntar:
Você não vê o quanto devastou?
Meu barco era o melhor
E o capitão não parecia um pirata perdido
A neblina escondeu todas aquelas suas partes bonitas
Enquanto cantava “eu sei que vou te amar”
Você nadava rumo ao sul, frio, até desaparecer
E aquele cheiro salgado do mar que a brisa trazia, gritava
Tudo gritava dizendo abandono
Sem sucumbir, a via partir
Partes da inocência iam junto à vulgaridade daquela mergulhadora
Disse apenas: siga em frente!
Para as velas do coração foi como zarpar
Dar voltas pelo oceano sem o perigo dos olhos negros aventureiros
Para encontrar um paraíso que não faça pesar tanto o coração.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Barco perverso

Estar navegando nesse mar de sons desafinados
A esperar por tempestades, ao passar por elas, nada avistar
Poderia nadar pelas cordas desse mar por mais tempo
Satisfazer-me de uma emoção medíocre e contar para a lua
Deveria temer ao iceberg, ele está longe
Ele não derreteu enquanto parecíamos estar quentes
Ainda encrava um espaço grandioso vindo do lugar mais profundo
O barco viaja com um capitão bêbado, uma bússola antiga no peito
A cada tempestade que sobrevivo, escuto a música que me faz desejar o mar
Não é mais um resgate do que pereceu congelado
Navego apenas para salvar o coração do capitão
Converso com as estrelas porque são o que tenho esta noite
A fé é o que sinto, além de um amor tolo e solitário pelo mar.